The Bride and the Bachelors: exposição imperdível para "iniciados"

Fiquei completamente encantada com esta exposição e recomendo muito. Não é uma exposição de consumo fácil, por isso o aviso no título. Porém, se você adora arte e curte entender a história por trás do que vê, dos artistas e movimentos artísticos, não pode perder essa.

A exposição “The Bride and the Bachelors”, no Barbican, conta a história da relação – primeiro de admiração e influência artística, logo de colaboração e amizade – entre Marcel Duchamp, mestre dadaísta, e quatro proeminentes artistas americanos do século XX: os artistas plásticos Robert Rauschenberg e Jasper Johns (o único ainda vivo do grupo), o compositor John Cage e o coreógrafo Merce Cunningham.

Em dado momento, os 5 compartilhavam temas, inspirações e até métodos artísticos, como o acaso. Isso mesmo: usar o azar na criação e composição das obras. Como? Um exemplo: o quadro/instalação de Duchamp que é o ponto de partida para a exposição, “The bride stripped bare by her bachelors, even”, um grande painel de vidro concluído em 1923, quebrou quando era transportado. Duchamp a restaurou mantendo as partes quebradas aparentes, e a chamou de “obra definitivamente inacabada” – uma obra do acaso.

Pintura de John Cage usando o acaso

Outro: John Cage compunha sinfonias baseadas no I Ching chinês. Jogava os dados e o resultado determinava as notas que fariam parte da composição. Doido, não? Motivados pela paixão comum pelo xadrez, Duchamp criou um tabuleiro preparado, em que cada movimento do jogo desencadeava diferentes sons e melodias. As fichas explicativas de cada obra nunca foram tão úteis. Elas vão desenrolando o emaranhado de relações e influências entre os 5 artistas e contam historias super curiosas.

A relação multi-disciplinar entre os 5 artistas é retratada com maestria pelo curador. Um piano “ automático” toca, sozinho, composições de Cage. Em um palco, bailarinos dançam coreografias de Cunningham, com trilhas de Cage e figurinos e cenários concebidos por Rauschenberg e Johns, que foram diretores artísticos de sua companhia em momentos diferentes (as danças acontecem a cada 10 minutos às 5as feiras de 17h a 20:30h e aos sábados e domingos de 12h a 17h).

Por fim, impossível não se deliciar com os irreverentes ready-mades de Duchamp, que revolucionaram a cena artística há quase 100 anos atrás.

O célebre ready-made “Fountain”

Te convenci? Então corra. A expo acaba dia 9 de junho.

Barbican – Silk street. Entradas próximas aos metros Barbican e Moorgate. Ingressos £10 online, £12 na porta. Abre de 11h às 20h, 4as de 11h a 18h e quintas de 11h a 22h.

PS: Já falei sobre o Barbican em outros posts. É um centro cultural impecável no que toca programação de alta qualidade e inovadora. Ao redor da exposição està acontecendo uma série de eventos sobre Duchamp, que conta com projeção de filmes e espetáculos de dança temáticos, também ate dia 9.

Obs.: Não é permitido fotografar na exposição. As fotos deste post foram publicadas na internet.